Planejamento estratégico é uma expressão frequentemente mencionada, mas raramente compreendida em sua totalidade. Em muitos escritórios de advocacia, o termo é associado a reuniões intermináveis, relatórios que acabam esquecidos em uma gaveta e metas que ninguém realmente acompanha. No entanto, para um escritório que deseja crescer e prosperar de maneira estruturada, o planejamento estratégico é muito mais do que uma formalidade: é o alicerce de uma gestão eficiente e orientada para resultados.
Imagine um escritório que não possui metas claras. Seus advogados atuam de maneira reativa, atendendo casos conforme surgem, sem um critério definido para aceitar clientes ou para avaliar o desempenho da equipe. Os sócios discutem crescimento, mas não há consenso sobre o que isso significa: mais clientes? Mais faturamento? Mais áreas de atuação? Sem um planejamento estratégico bem definido, o escritório está sempre à mercê dos acontecimentos, navegando sem rumo em um mercado cada vez mais competitivo.
Planejar estrategicamente é decidir onde o escritório deseja chegar e como fará para alcançar esse destino. Não se trata apenas de definir metas, mas de compreender o que realmente importa para o crescimento sustentável da banca. Um escritório que deseja se destacar precisa estabelecer objetivos claros e mensuráveis, como aumentar o faturamento em 20% ao ano, reduzir o tempo médio de resolução de processos em 15% ou conquistar 10 novos clientes por trimestre.
Mas definir metas é apenas o início. É fundamental acompanhar o progresso por meio de indicadores de desempenho (KPIs), que permitem avaliar se o escritório está no caminho certo. Esses indicadores podem incluir a taxa de conversão de clientes, a receita média por cliente, o índice de satisfação do cliente (NPS) e a produtividade por advogado. Por exemplo, se o escritório percebe que sua taxa de conversão de clientes é baixa, pode ser necessário revisar o processo de atendimento ou treinar melhor sua equipe para negociações.
Uma cultura de desempenho é outro pilar essencial para o sucesso. Em vez de depender do esforço individual de cada advogado, o escritório deve promover um ambiente onde todos compreendam seus objetivos, saibam como contribuir para alcançá-los e sejam reconhecidos por seu desempenho. Isso significa estabelecer metas individuais e coletivas, realizar avaliações periódicas e oferecer incentivos para quem se destaca. Imagine um escritório que adota programas de bonificação para advogados que superam metas de captação de clientes ou resolução de casos com alta satisfação dos clientes.
A visão de longo prazo é igualmente indispensável. Um escritório que funciona como uma empresa não se contenta apenas com os resultados imediatos, mas planeja seu crescimento para os próximos cinco ou dez anos. Isso inclui pensar em novas áreas de atuação, desenvolver parcerias estratégicas e investir na capacitação contínua da equipe. Por exemplo, um escritório que hoje atua apenas em direito societário pode, com uma visão clara de futuro, expandir para direito digital e compliance, aproveitando novas oportunidades de mercado. Pode ainda estabelecer uma meta de abrir novas filiais em outras cidades, consolidando sua marca.
Transformar o planejamento estratégico em realidade, no entanto, exige disciplina. Não basta definir metas e esquecer delas. O planejamento deve ser um processo contínuo, com acompanhamento regular e ajustes sempre que necessário. Para isso, o escritório deve adotar uma rotina de monitoramento dos indicadores, realizar reuniões de revisão e garantir que todos os membros da equipe estejam alinhados aos objetivos estabelecidos. Imagine um escritório que realiza reuniões trimestrais para revisar seus KPIs e planejar ações de melhoria. Com isso, o escritório não apenas identifica problemas, mas corrige o rumo a tempo.
Em última análise, o planejamento estratégico não é apenas uma ferramenta de gestão, mas um compromisso com o crescimento e a sustentabilidade. Um escritório que opera de forma estratégica não apenas sobrevive – ele prospera. E, mais importante, torna-se uma referência em seu segmento, conquistando a confiança e a fidelidade de seus clientes. Em um mercado tão competitivo, é essa visão clara e estruturada que separa os escritórios que permanecem estagnados daqueles que crescem e se destacam.
Fernando Henrique de Oliveira Magalhães
É graduado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), turma de 1985. Sua formação de base foi concluída no Colégio Santo Américo, onde finalizou o ensino médio em 1981.
Ao longo de sua trajetória, construiu uma base sólida em gestão, estratégia e finanças, com ênfase especial na estruturação e desenvolvimento de negócios. Em 2018, concluiu o curso de Planejamento Estratégico para Escritórios de Advocacia na GVlaw, da Fundação Getúlio Vargas, e participou do programa “Melhores Práticas de Gestão de Escritórios de Advocacia”, promovido pela TOTVS. No ano seguinte, aprofundou sua atuação no segmento jurídico com a especialização em Gestão Jurídica Estratégica pela FIA – Fundação Instituto de Administração.
Sua experiência também se estende ao varejo e ao franchising, tendo concluído diversos programas voltados à gestão e desempenho operacional. Entre eles, destacam-se os cursos “Finanças para Varejo” e “Gestão de Lojas e Negócios”, ambos promovidos pela Growbiz, além do “Programa de Treinamento para Gerentes de Varejo” e “Técnica de Vendas para Varejo”, ministrados pelo Grupo Friedman. Também integrou a “Franchising University”, iniciativa do Grupo Cherto, voltada à profissionalização da gestão de redes de franquias.
Além disso, possui fluência em inglês, tanto na comunicação oral quanto escrita, resultado da formação completa — do nível básico ao avançado — cursada na Associação Alumni entre 1987 e 1990.