Marketing jurídico estratégico: como posicionar seu escritório de forma ética e eficaz nas redes sociais

O marketing jurídico estratégico começa pela compreensão do papel do escritório dentro do ecossistema empresarial. Mais do que divulgar atividades, trata-se de posicionar a banca como uma voz especializada capaz de orientar, prevenir riscos e ampliar a maturidade de quem decide. Em um mercado cada vez mais competitivo, a comunicação que realmente se destaca não promete resultados milagrosos; ela oferece clareza, solidez técnica e interpretação precisa dos cenários que impactam negócios. Quanto mais o conteúdo reforça essa percepção, mais natural se torna a construção de autoridade.

Essa autoridade nasce do valor entregue, não da exibição de conhecimento. Publicações maduras explicam o “porquê” das questões, mostram relevância prática, conectam normas ao cotidiano empresarial e ajudam o gestor a enxergar consequências. É a diferença entre dizer “houve uma mudança legal” e explicar “como essa mudança altera sua rotina de contratação, seu fluxo financeiro ou sua tomada de decisão”. Escritórios que adotam essa abordagem abandonam a lógica de “postar para preencher espaço” e passam a comunicar com propósito, criando utilidade real.

A produção de conteúdo também funciona como ponte entre o jurídico e a alta gestão. Muitos empresários têm dificuldade em perceber o impacto de determinados temas justamente porque a linguagem jurídica costuma ser distante. Quando o escritório traduz o complexo sem banalizar a técnica, oferece ao executivo algo raro: compreensão. Essa compreensão gera segurança, e segurança gera confiança — um ativo extremamente valioso no relacionamento profissional. Assim, o marketing não apenas atrai potenciais clientes, mas educa o mercado, fortalece vínculos e reduz a sensação de imprevisibilidade que tantas empresas enfrentam.

Toda essa construção deve estar firmemente apoiada na ética. Os limites normativos não são obstáculos, mas diferenciais. Eles garantem sobriedade, evitam exageros e preservam a credibilidade institucional. A comunicação responsável não transforma o jurídico em produto de consumo; transforma o conhecimento jurídico em instrumento de orientação. Ao manter tom técnico, linguagem moderada e foco no conteúdo, o escritório mostra maturidade e reforça que atua com seriedade. Para o público empresarial, essa postura é decisiva. Empresas confiam em quem demonstra consistência, e consistência se vê até nos detalhes da comunicação.

Além de conteúdo, existe outro pilar indispensável: a construção de relacionamento. Redes sociais são ambientes vivos, e a percepção de autoridade aumenta quando o escritório participa das conversas relevantes do seu segmento. Interações inteligentes, respostas educadas e contribuições oportunas demonstram presença genuína. A proximidade, quando bem administrada, humaniza a banca sem comprometer a formalidade necessária. O gestor percebe que há profissionais acessíveis, atualizados e atentos às discussões — e isso influencia diretamente sua escolha no futuro.

É igualmente importante que o escritório desenvolva uma narrativa própria. A narrativa vai além de explicar temas jurídicos. Ela comunica visão estratégica, valores institucionais, interpretação de mercado e posicionamento perante desafios comuns às empresas. Essa coerência editorial, quando mantida ao longo do tempo, gera um tipo de reconhecimento que não depende de viralização. O público passa a entender o que a banca representa, quais princípios orientam sua atuação e como ela enxerga o papel do jurídico no desenvolvimento do negócio. A narrativa transforma conteúdo isolado em identidade.

Outro benefício relevante, mas muitas vezes negligenciado, é o impacto interno do marketing bem executado. Ao produzir conteúdos, o time revisita fundamentos, organiza ideias, uniformiza entendimentos e aprofunda a especialização. Esse movimento natural eleva o padrão técnico e melhora a transferência de conhecimento entre profissionais. Com o tempo, o escritório passa a ter um acervo de materiais que reforça metodologias internas, apoia treinamentos e favorece padronização. Ou seja, o marketing não apenas fortalece a reputação externa, mas contribui diretamente para a qualidade dos serviços entregues.

Por fim, o verdadeiro sentido do marketing jurídico estratégico está na construção de reputação, e não na busca imediata por contratos. Autoridade não surge de improviso, mas de uma combinação de técnica, constância e autenticidade. Quando o escritório comunica com clareza, respeita limites éticos, entrega conteúdo relevante e se posiciona como parceiro que entende a realidade empresarial, as redes sociais deixam de ser apenas um canal de visibilidade. Elas se tornam um vetor de confiança. A partir daí, o relacionamento se cria quase de forma natural: empresários passam a acompanhar, interagir, consultar e recomendar — porque reconhecem ali uma referência segura.

Essa é a essência de uma presença digital eficaz. Não é sobre volume, estética ou algoritmos. É sobre transmitir confiança, gerar clareza, fortalecer vínculos e mostrar ao mercado que o escritório possui visão, profundidade e compromisso com o que realmente importa: orientar empresas com responsabilidade e inteligência.

Referências Bibliográficas

BERLIM, Ana Paula. Marketing Jurídico na Prática. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters, 2021.

MOTA, Alexandre. Marketing Jurídico Estratégico. 1. ed. Curitiba: Juruá Editora, 2022.

KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 5.0 – Tecnologia para a Humanidade. 1. ed. Rio de Janeiro: HarperCollins, 2021.

GODIN, Seth. Isso é Marketing. 1. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019

Fernando Henrique de Oliveira Magalhães

É graduado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), turma de 1985. Sua formação de base foi concluída no Colégio Santo Américo, onde finalizou o ensino médio em 1981.

Ao longo de sua trajetória, construiu uma base sólida em gestão, estratégia e finanças, com ênfase especial na estruturação e desenvolvimento de negócios. Em 2018, concluiu o curso de Planejamento Estratégico para Escritórios de Advocacia na GVlaw, da Fundação Getúlio Vargas, e participou do programa “Melhores Práticas de Gestão de Escritórios de Advocacia”, promovido pela TOTVS. No ano seguinte, aprofundou sua atuação no segmento jurídico com a especialização em Gestão Jurídica Estratégica pela FIA – Fundação Instituto de Administração.

Sua experiência também se estende ao varejo e ao franchising, tendo concluído diversos programas voltados à gestão e desempenho operacional. Entre eles, destacam-se os cursos “Finanças para Varejo” e “Gestão de Lojas e Negócios”, ambos promovidos pela Growbiz, além do “Programa de Treinamento para Gerentes de Varejo” e “Técnica de Vendas para Varejo”, ministrados pelo Grupo Friedman. Também integrou a “Franchising University”, iniciativa do Grupo Cherto, voltada à profissionalização da gestão de redes de franquias.

Além disso, possui fluência em inglês, tanto na comunicação oral quanto escrita, resultado da formação completa — do nível básico ao avançado — cursada na Associação Alumni entre 1987 e 1990.

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