O planejamento estratégico é uma ferramenta essencial para o crescimento e a organização de qualquer negócio, e para escritórios de advocacia, essa prática é fundamental para garantir a sustentabilidade e a competitividade em um mercado cada vez mais desafiador.
Basicamente, trata-se de um processo estruturado e contínuo, que envolve análise, definição de metas e implementação de ações estratégicas. Esse processo ajuda os escritórios a direcionarem suas atividades de maneira eficiente, potencializando resultados e evitando desperdício de recursos. A ausência de um planejamento estratégico pode ser prejudicial, levando a tomadas de decisão equivocadas, desorganização interna e perda de oportunidades de crescimento.
O primeiro passo em um planejamento estratégico bem estruturado é a Análise SWOT, uma ferramenta prática para identificar as forças (Strengths), fraquezas (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) que o escritório enfrenta. Internamente, é importante observar aspectos como recursos financeiros, capacitação da equipe e infraestrutura; externamente, fatores como tendências de mercado e concorrência são fundamentais. A SWOT permite aos gestores um entendimento mais profundo sobre onde estão as maiores vantagens competitivas e os desafios a serem superados, sendo, assim, a base para qualquer decisão estratégica.
A partir das informações trazidas pela análise SWOT, o próximo passo é a definição de metas claras e mensuráveis. Um método eficiente para isso é a definição de Metas SMART, uma sigla em inglês para Specific (específicas), Measurable (mensuráveis), Achievable (alcançáveis), Relevant (relevantes) e Time-bound (com prazo definido). Por exemplo, se uma das fraquezas identificadas é a dificuldade de retenção de talentos, o escritório pode definir uma meta SMART para reduzir a rotatividade dos advogados, estabelecendo ações concretas, como a criação de um plano de carreira ou um sistema de bonificação. As metas SMART, quando bem elaboradas, facilitam o monitoramento dos resultados e o ajuste das estratégias ao longo do tempo.
Dentro do planejamento estratégico, é importante definir quais áreas serão o foco de desenvolvimento. Geralmente, os escritórios de advocacia encontram mais impacto ao trabalharem em áreas como o financeiro, que garante sustentabilidade e controle dos custos; gestão de pessoas, essencial para manter um ambiente motivador e produtivo; operações, que envolve a organização de processos internos e a melhoria contínua; tecnologia, para otimizar as atividades do escritório e reduzir o tempo de tarefas repetitivas; marketing, para fortalecer a presença no mercado e atrair novos clientes; e relacionamento com clientes, visando uma comunicação eficiente e atendimento de qualidade.
Cada uma dessas áreas pode ser planejada estrategicamente com base nas metas SMART. Para o setor financeiro, por exemplo, pode-se definir como objetivo o aumento da margem de lucro, aplicando uma estratégia de redução de custos e renegociação de contratos. Em gestão de pessoas, uma meta pode ser a criação de um programa de capacitação contínua, e em tecnologia, a implantação de sistemas automatizados de gestão para melhorar a produtividade e o controle das demandas.
Um ponto crucial no planejamento estratégico para escritórios de advocacia é a adaptação às rápidas mudanças que ocorrem no mercado jurídico e na legislação. A flexibilidade no planejamento e a capacidade de ajustar as metas e estratégias de acordo com novos desafios e oportunidades são elementos essenciais para que o escritório continue a operar de maneira competitiva e eficiente. Um planejamento adaptável permite responder rapidamente a mudanças econômicas, atualizações legais ou até a transformações tecnológicas, mantendo o escritório sempre um passo à frente.
Para apoiar o monitoramento e a execução das metas, contar com ferramentas de gestão específicas pode tornar o processo mais eficiente. Plataformas de CRM jurídico, por exemplo, ajudam a centralizar as informações dos clientes e facilitam o acompanhamento de prazos e processos, enquanto softwares de gestão de tarefas permitem definir metas e acompanhar o desempenho de forma prática e transparente. Esse apoio tecnológico ajuda a manter a equipe alinhada e a assegurar que cada setor avance em direção aos objetivos do planejamento.
Além disso, é importante considerar o papel da cultura organizacional nesse processo. Ao desenvolver um planejamento estratégico, é essencial garantir que as metas estejam alinhadas com a cultura do escritório. Um ambiente de trabalho que valorize a inovação, por exemplo, favorece a implementação de estratégias tecnológicas, enquanto uma cultura de colaboração fortalece o comprometimento da equipe na busca por objetivos comuns. A cultura organizacional pode, portanto, potencializar a eficácia do planejamento estratégico, engajando a equipe e tornando o ambiente mais propício para o alcance das metas.
A implementação das estratégias definidas no planejamento estratégico exige a seleção de Indicadores de Performance (KPIs) que permitam medir o progresso de cada meta. Por exemplo, no setor de marketing, pode-se definir como indicador o número de novos contratos firmados mensalmente, ou no setor financeiro, o crescimento da receita. Os KPIs são fundamentais para medir se o escritório está no caminho certo e se as ações tomadas estão trazendo os resultados esperados.
Após a implementação, o planejamento deve ser monitorado e ajustado regularmente. Um intervalo de três meses costuma ser adequado para que os gestores do escritório revisem os resultados e façam as adaptações necessárias. Esse monitoramento periódico permite a correção de rumos em tempo hábil, garantindo que eventuais problemas sejam identificados e solucionados antes de se tornarem prejudiciais para o escritório. Além disso, os ajustes contínuos refletem a flexibilidade e a adaptabilidade do planejamento, fundamentais para o sucesso em um ambiente dinâmico.
Por fim, ao final de um ciclo anual, é essencial realizar o fechamento e a avaliação do planejamento estratégico. Esse momento é crucial para revisar todas as metas e indicadores, avaliar o desempenho geral e verificar se as estratégias foram eficazes. A avaliação final permite aos gestores aprender com os erros e acertos do ciclo anterior, aplicando esse aprendizado nas metas e estratégias do próximo ciclo. Esse fechamento também é uma oportunidade para reconhecer o esforço das equipes envolvidas e motivá-las para os desafios futuros.
Em suma, um planejamento estratégico bem feito traz diversos benefícios para os escritórios de advocacia, proporcionando maior clareza e objetividade nas ações, segurança nas tomadas de decisão e uma gestão focada em resultados. A ausência de um plano pode deixar o escritório vulnerável a crises, perda de clientes e problemas internos, comprometendo sua estabilidade e desenvolvimento. O planejamento estratégico não apenas organiza e estrutura as atividades do escritório, mas também alavanca o crescimento, garantindo que as metas traçadas estejam alinhadas com a missão e a visão do negócio.
Fernando Henrique de Oliveira Magalhães
É graduado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), turma de 1985. Sua formação de base foi concluída no Colégio Santo Américo, onde finalizou o ensino médio em 1981.
Ao longo de sua trajetória, construiu uma base sólida em gestão, estratégia e finanças, com ênfase especial na estruturação e desenvolvimento de negócios. Em 2018, concluiu o curso de Planejamento Estratégico para Escritórios de Advocacia na GVlaw, da Fundação Getúlio Vargas, e participou do programa “Melhores Práticas de Gestão de Escritórios de Advocacia”, promovido pela TOTVS. No ano seguinte, aprofundou sua atuação no segmento jurídico com a especialização em Gestão Jurídica Estratégica pela FIA – Fundação Instituto de Administração.
Sua experiência também se estende ao varejo e ao franchising, tendo concluído diversos programas voltados à gestão e desempenho operacional. Entre eles, destacam-se os cursos “Finanças para Varejo” e “Gestão de Lojas e Negócios”, ambos promovidos pela Growbiz, além do “Programa de Treinamento para Gerentes de Varejo” e “Técnica de Vendas para Varejo”, ministrados pelo Grupo Friedman. Também integrou a “Franchising University”, iniciativa do Grupo Cherto, voltada à profissionalização da gestão de redes de franquias.
Além disso, possui fluência em inglês, tanto na comunicação oral quanto escrita, resultado da formação completa — do nível básico ao avançado — cursada na Associação Alumni entre 1987 e 1990.